À sombra da Cordilheira dos Andes, escondido sobre a mata exuberante da floresta amazônica, está um dos mais incríveis tesouros secretos do Peru: Vilcabamba. Descoberto como um dos últimos vestígios do Império Inca antes de sua destruição pelos espanhóis, Vilcabamba é um lugar de especial importância simbólica e histórica.
No entanto, devido ao seu abandono e o denso crescimento da selva peruana, sua localização exata foi um mistério por centenas de anos. Somente nas últimas décadas a cidade de Vilcabamba foi definitivamente reconhecida como o local de Espírito Pampa, próximo às margens do rio Chontabamba, um afluente de Urubamba.
A localização de Vilcabamba era desconhecida. Os primeiros aventureiros dos tempos modernos a redescobrir este local selvagem e distante, que já foi identificado como Velho Vilcabamba, foram três cuzquenhos: Manuel Ugarte, Manuel López Torres e Juan Cancio Saavedra, em 1892.
Quando o governante inca Manco Inca e seu grande exército não conseguiram derrotar os invasores espanhóis em 1536 d.C., os incas fugiram de sua capital imperial em Cuzco e se refugiaram na selva de Vilcabamba. Eles viveram lá por 36 anos, até que os espanhóis finalmente penetraram na área e mataram o último governante inca, Tupac Amaru, em 1572, exterminando com o império inca.
Em 1911, Hiram Bingham, em seu livro “A Cidade Perdida dos Incas”, chamou a atenção do público para o local das ruínas em uma floresta chamada nesse então como Espírito Pampa, que significa “a planície dos fantasmas”, localizada a 130km a oeste de Cuzco. Bingham, no entanto, não se atentou para a sua importância, acreditando que Machu Picchu era a lendária “Vilcabamba”, cidade perdida e último refúgio dos incas.
Em Vilcabamba, as superfícies cortadas das pedras mostram sinais óbvios de marcas com ferramentas, principalmente com a utilização dos formões de bronze dos incas.
Os estudiosos da época não consideraram as pedras de maneira enigmática mesmo com suas curiosas sobressaliências. Estas estruturas poderiam ser o resultado do trabalho de pessoas muito mais velhas com conhecimentos e domínio de tecnologias avançadas.
A tradição oral inca fala de antigos mestres chamados Viracochan e Pirhua, que viviam na região nos tempos antigos e faziam visitas para dividir seu conhecimento sobre arte e ciência com as pessoas que iam conhecendo.
Os cortes precisos na rocha original confundem todos que os veem, principalmente pessoalmente. Qual poderia ter sido a sua função? Talvez esses antigos mestres tivessem uma mentalidade completamente diferente da nossa ou dos incas.
É possível visitar Vilcabamba hoje. No entanto, a caminhada até o local é bastante difícil e só é recomendada para caminhantes experientes. A estrada desce das montanhas andinas cobertas de neve até a densa floresta, passando por terrenos acidentados e também perigosos. No entanto, uma visita a Vilcabamba é extremamente gratificante para aqueles que estão dispostos a se esforçar.
Devido à sua localização extremamente remota, este local é visitado apenas por algumas dezenas de turistas a cada ano. Na verdade, é possível ficar completamente sozinho nas ruínas, uma experiência mágica sem comparação com muitos outros locais de importância histórica.
História de Vilcabamba
Após a conquista espanhola do Império Inca, o restante do seu governo fugiu da capital imperial de Cuzco para a cidade de Ollantaytambo, liderada por Manco Inca Yupanqui (filho do imperador Huayna Capac). Em seguida, decidindo que Ollantaytambo estava muito perto das forças espanholas em Cuzco, Manco Inca e seus seguidores fugiram para Vitcos. Finalmente foram a Vilcabamba, que foi estabelecida como capital de seu novo estado em 1539. Deste lugar, a salvo dos espanhóis na remota escuridão selvagem, Manco Inca e seus sucessores governaram esse estado neoinca por quase 40 anos.
Os incas e espanhóis coexistiram mais ou menos durante esse período. Somente em 1572 os espanhóis lançaram uma campanha para capturar a região. Na década de 1560, o governante inca Titu Cusi Yupanqui iniciou negociações para se render em troca de receber uma pensão da coroa, chegando a ser batizado na Igreja Católica Romana. Essas negociações continuaram progredindo até a morte repentina de Titu Cusi em 1571, quando seu irmão Túpac Amaru assumiu o poder.
Sem saber que o controle do império havia mudado de regente, os espanhóis enviaram dois embaixadores para continuar as negociações com Titu Cusi. O novo governante Túpac Amaru rapidamente matou esses embaixadores. Declarando que esse ato tinha “quebrado a lei inviolável firmada por todas as nações do mundo em relação aos embaixadores”, o espanhol vice-rei Francisco de Toledo declarou guerra contra o Estado neoinca no dia 14 abril de 1572. Dentro de poucas semanas, os espanhóis haviam bloqueado uma ponte crucial desde que sitiaram a capital inca de Vilcabamba.
Os incas, com poucas armas, lutaram bravamente para repelir o cerco formado, mas foram forçados a se retirar constantemente diante da poderosa artilharia espanhola. Em 24 de junho, os espanhóis finalmente invadiram Vilcabamba, encontrando-a abandonada e completamente destruída. Os incas fugiram para a selva para se reagrupar. Os espanhóis acabariam capturando esse grupo remanescente e Tupac Amaru seria tragicamente executado em frente a uma multidão de milhares na praça central de Cuzco. O região de Vilcabamba mais tarde seria esquecida historicamente.
Redescoberta
A localização de Vilcabamba era desconhecida por muitos anos e o local finalmente adquiriu um status lendário entre alguns exploradores e historiadores, que almejavam descobrir esta famosa “cidade perdida dos incas”. Os primeiros a visitar o local nos tempos modernos foram três pessoas de Cuzco. Residentes chamados Manuel Ugarte, Manuel López Torres e Juan Cancio Saavedra, em 1892.
Alguns anos depois, o famoso explorador Hiram Bingham também visitou o local, que mais tarde foi chamado Espiritu Pampa (que significa “a planície dos fantasmas”). Bingham não reconheceu sua importância, acreditando que ele já havia encontrado o histórico “Vilcabamba” em Machu Picchu. Isso durou até a chegada do trabalho de Antonio Santander Casselli e Gene Savoy, na década de 1960, quando Espírito Pampa se associou legitimamente à cidade histórica de Vilcabamba.
Como chegar a Vilcabamba
A localização da lendária cidade inca de Vilcabamba fica a cerca de 500km da cidade de Cuzco, em um planalto perto do rio Chontabamba, um afluente do rio Urubamba. É recomendável fazer essa trilha somente com o apoio de uma agência, pois o caminho pode ser muito difícil e perigoso.
A trilha geralmente leva cerca de 7 dias. Há também uma série de destinos que podem ser adicionadas à caminhada, incluindo uma extensão para Choquequirao. Visitas guiadas ao local podem ser organizadas a partir da cidade de Cuzco. Aqui está um roteiro básico comumente utilizado para esta região:
- Dia 1: Cuzco para Huancacalle
- Dia 2: Huancacalle para Ututo
- Dia 3: Ututo para Vista Alegre
- Dia 4: Vista Alegre para Concebidayoq
- Dia 5: Concebidayoq para Espiritu Pampa
- Dia 6: Espírito Pampa para Kiteni
- Dia 7: Kiteni para Cuzco
Este roteiro segue a mesma rota básica que os incas teriam trilhado ao fugir dos espanhóis, passando por uma grande variedade de paisagens.
O que levar
O melhor é consultar seu agente de viagens para esclarecer quais itens você deve ou não levar na caminhada. Em geral, recomendamos o seguinte:
- Tênis e meias para caminhada;
- Calças confortáveis;
- Bermudas;
- Camisetas (de manga longa e manga curta);
- Botas de trekking;
- Saco de dormir quente;
- Jaqueta e calça impermeáveis;
- Óculos de sol e protetor solar;
- Boné ou lenço;
- Agasalho polar para maior aquecimento;
- Luvas;
- Comida e água suficientes para a caminhada.
Grupos que viajam sem guia também precisarão de uma barraca quente e, possivelmente, uma mula para levar o peso. No entanto, como indicado acima, é altamente recomendável contratar os serviços de uma agência de viagens.
Como encontrar um guia e agência de turismo
A melhor maneira de encontrar um guia para ajudá-lo a visitar a lendária cidade inca de Vilcabamba é buscar por uma das muitas agências de turismo e a Dreamy Tours. Há também passeios disponíveis e reservas online.